
Montamos o nosso calendário anual de modo a
coincidi-lo com a jornada da terra em torno do sol.
Assim, quando o planeta que habitamos alcança
a sua trigésima sexagésima quinta volta não só festejamos o êxito da translação
que se completa como também celebramos a nova jornada cósmica a perseguir sem
incidentes planetários essa mesma contagem.
É como se todos nós na fartura de ótimas
colheitas compartilhássemos em alegrias a contrapartida das nossas melhores
semeaduras comungando, ao mesmo tempo, das alegrias pelas certezas acenadas por
firmes esperanças.
Mas o que dizer de um País que chega ao fim de
mais um ano com grandes quebras em suas safras? Um País no qual a condução do
Estado expôs à luz da verdade o deserto de ideias criativas e de políticos
confiáveis, moralmente qualificados, o que só consolida quanto a qualificações
o que Rui Barbosa denunciou como o “o triunfo das nulidades”.
Como em todo deserto há sempre algum oásis, é
animador que a esperança sobreviva e nos mantenha firmes na mesma fé de que nem
tudo está perdido e na mesma unidade nacional.
Notamos que ao fim de cada ano têm sido cada
vez mais escassas as profecias para o ano seguinte.
Em Brasília, havia o Raul de Xangô a cujas
profecias a imprensa entregava espaços privilegiados. Numa dessas, ele fez
advertências a Tancredo para que tomasse muito cuidado com a saúde. A Nova República
teve como primeira consequência o aumento da clientela do Raul.
No Maranhão, o Jornal Pequeno se antecipava à
virada do ano com duas grandes atrações. A expectativa era enorme, primeiro
pela Lista dos Chatos do Ano que findava e segundo pelas profecias de um senhor
que eu até conheci, mas cujo nome não me ocorre agora.
A Lista dos Chatos do Ano que findava,
ocupando a ultima página inteira, resultava de um consenso no Senado da Praça,
em frente à Igreja do Carmo.
Na ultima semana do mês o pessoal do DIVA,
leia-se Departamento de Informação da Vida Alheia, uma espécie dessas Comissões
de Ética que pululam pela aí, se punha a peruar o Comitê Especial formado por
Michel Nazar, Lourenço Vieira da Silva e Belo Parga.
Michel, então Presidente do Senado, dava a
entender que a lista ainda seria levada ao crivo do Governador do Estado, à
época José Sarney, também Senador da Praça, mas licenciado. No fundo, era uma
discreta queimação politica.
Ribamar Bogéa, o dono e editor do jornal, mas
– segundo ele – não da lista, dava-se ao esmero de organizá-la por ordem
alfabética.
Até hoje a Lista dos Chatos do Ano segue
sendo a grande atração do Jornal Pequeno. Com o tempo, finda a última ditadura
que nunca conseguiu infiltrar ali nenhum dos seus simpatizantes, e com as
mortes de Michel, Belo Parga e de Ribamar Bogéa, o Senado da Praça foi perdendo
seu antigo charme e influência politica.
Hoje, o Lourival, herdeiro do Bogea na
produção do jornal, edita hoje a Lista dos Chatos, segundo ele, a partir de
indicações dos leitores.
Ah, as profecias do seu Nhô, acho que
era conhecido, com manchete na primeira página, alcançavam um índice quase total
de acertos. A bola de cristal dele não arriscava quase nada.
Previa morte de um artista famoso, um grave
acidente de ônibus, um naufrágio de barco na travessia do Boqueirão. E tal.
Fosse hoje arriscaria, talvez, que a Dilma teria mais um ano de grandes
dificuldades e que Dona Marta, se candidata, perderia as eleições em São Paulo.
E que no Rio de Janeiro, o Pezão iria continuar sem dinheiro para a saúde dos
hospitais. Era um craque esse seu Nhô.
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