Um trabalho realizado pelos Departamentos de Ciências Sociais e Filosofia com o apoio do Núcleo de Acessibilidade da UEMA Caxias.
Acadêmicos do Campus Caxias, curso
de Ciências Sociais, organizaram uma mesa redonda nessa terça-feira (2),
onde discutiram o tema “Falar é a Melhor Solução: Análise Sobre o
Suicídio Numa Perspectiva Interdisciplinar”. Um trabalho realizado
pelos Departamentos de Ciências Sociais e Filosofia com o apoio do Núcleo de
Acessibilidade da UEMA Caxias. Para tratar do assunto foram convidados o
Psicólogo Clínico especialista em Saúde Mental, Luís Fernando Rocha; a
Cientista Social da Universidade Federal do Piauí, Gabriela Costa Rodrigues
Neto; e a Jornalista e Advogada Lissandra Nazaré Roma Assunção Leite.
“Foi uma proposta feita pelo Departamento
de Ciências Sociais e operacionalizada pelos alunos. A ideia é amadurecer o
debate sobre o suicídio, chamar a sociedade caxiense, mostrar a importância
dessa discussão. Os dados são alarmantes. Os palestrantes mostram a necessidade
disso e uma das alternativas é dar visibilidade ao assunto”,
explicou a professora Poliana de Sousa, uma das coordenadoras do evento.
“Estamos com um alto índice de
comportamento auto-lesivo. Uma só vida perdida por causa do suicídio é uma
tragédia social. Não há uma explicação única para ele. Primeiro adoecemos
emocionalmente. É um drama pessoal que transcorre num palco de relações
interpessoais em um ambiente social, político e social. Os mais vitimados são
os adolescentes”, disse Luís Fernando.
Ainda de acordo com ele as pessoas não
vão a um psicólogo por um tabu, preconceito. Muitas vezes um comportamento
estranho deve ser tratado em terapias. Por isso, é necessário falar para que
haja a prevenção. A sociedade não quer conversar sobre a morte. Existem poucas
ferramentas para tratar o problema, por isso mais profissionais, além de
psicólogos, devem pesquisar sobre isso. Se fosse só no âmbito psicológico seria
mais fácil.
A pesquisadora Gabriela Costa destacou,
que “desde
o ano 2000 a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera o suicídio um caso de
saúde pública. Isso começou a produzir mobilizações de prevenção por governos e
ONGs. Na era medieval era comum conviver com o luto; hoje isso não existe por
causa da individualidade. A partir daí surgiu um tabu sobre a morte e o
suicídio”.
“Um evento necessário. Falar é a
melhor solução, mas escutar também é uma solução viável. Alguém precisa ter uma
escuta sensível para indicar soluções. É algo gravíssimo. A sociedade precisa
se irmanar e a Academia está no caminho certo, ofertando para a sociedade
caxiense informações para prevenir o suicídio”,
realçou uma das participantes do encontro, a socióloga Jesus Andrade.
A dificuldade em falar sobre o tema pode
estar relacionada a questões como o fato de ele ser considerado algo contrário
às leis divinas, proscrito. Antes havia leis que processavam o cadáver e
retiravam os bens dos familiares. No Brasil o Código Penal criminaliza a
indução ao suicídio (um dos casos mais citados é o do jogo “Baleia Azul”).
Lissandra Nazaré abordou a atuação da
mídia na abordagem de ocorrências de suicídio. “Não devemos ressaltar reações
positivas nem achar que o suicídio é uma solução para a pessoa. Na cobertura
dos fatos não podemos enaltecer o gesto nem tomá-lo como uma prova de coragem,
num processo de romantização do ato, tornando o morto um herói. Não devemos
simplificar a situação. A reportagem deve ser discreta e cuidadosa”,
relatou.
No Brasil, de 1997 a 2017 houve um
aumento de 80,4% dos casos de suicídio. No Maranhão, o aumento foi de 562,5%
nesse período. Segundo a OMS, no mundo ocorre 1 morte a cada 40 segundos. No
Brasil, 1 a cada 46 minutos. É a 2ª causa de morte entre adolescentes e jovens
de 15 a 29 anos no planeta; no Brasil, é a 4ª causa nessa faixa etária. O fator
mais relevante de risco é uma tentativa anterior. (Ascom/UEMA)
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