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196 anos da adesão do Maranhão à independência do Brasil: Caxias foi o último foco de resistência

29.7.19

O Maranhão aderiu à independência em 28 de julho de 1823.

Por Wibson Carvalho, jornalista e membro da Academia Caxiense de Letras

Neste domingo (28) é lembrada a antiga data magna maranhense. Proclamada a independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822, no país não reinou a calma. Nos estados da Bahia e Maranhão as lutas contra a independência foram mais sangrentas; o Maranhão só aderiu a mesma em 28 de julho de 1823, e Caxias foi o último foco de resistência.

Segundo o historiador caxiense César Augusto Marques, a Vila de Caxias aderiu à causa da independência da seguinte forma: a junta provisória do governo do Ceará, desejando favorecer as intenções dos habitantes do Piauí que ambicionavam a sua independência, deliberou para expedir essa província o governador das Armas, José Pereira Filgueiras, e Tristão Gonçalves Pereira Alencar Araripe, para que promovesse o bom êxito do tal projeto.

Pondo-se em marcha os expedicionários a 30 de março de 1823, recebeu o dito governador a carta imperial, de 16 de abril do mesmo ano, autorizando-o a reunir toda a força para proclamar a independência do Maranhão.
Apresentou-se a junta aos redores da Vila de Caxias com 6.000 homens, e, depois de longas fadigas e privações, no dia 31 de julho do mesmo ano foi celebrada uma honrosa convenção em sessão extraordinária da Câmara Municipal, reunida na então capela de Nossa Senhora dos Remédios, tendo a ela comparecido: o clero, a nobreza, o povo e os sitiantes comandados pelo major Salvador Cardoso de Oliveira e João da Costa Alecrim e os sitiados sob o comando do major português João José da Cunha Fidié.

No dia seguinte: 1º de agosto de 1823, as tropas independentes entraram em Caxias e no dia 6 daquele mês procedeu-se a eleição para vereadores, tendo sido eleitos: Francisco Henrique Wilk, capitão Clemente José da Costa, José Isidoro Viana, Francisco Joaquim de Carvalho, João Ribeiro de Vasconcelos Pessoa e José Maria César Brandão.

Na realidade, a bravura do povo caxiense foi, é, e sempre será uma característica marcante nas conquistas de uma cidadania livre e soberana.

Em verdade, no ano de 1822, quando ocorreu, simbolicamente, o Grito da Independência do Brasil, a Vila de Caxias era habitada, predominantemente, por uma população lusitana. A classe hegemônica, constituída de portugueses, exercia a dominação ao comércio, a igreja e a educação no lugar. E, portanto, assim, não queria contrariar os interesses da Coroa de Portugal à qual tínhamos o jugo de subordinação política.

Mas, somente quase um ano depois, precisamente, em 1º de agosto de 1823, o povo caxiense livrou-se do domínio português e a aderiu à independência para se tornar soberano e patriota, também, à cidadania brasileira. A Vila de Caxias tornava-se, também, livre do cunho de estado colonial e se constituía em um próspero centro comercial e soberano da nova Província do Maranhão.

Séculos se passaram, e o povo desta terra de bravos cidadãos é, atualmente, um torrão liberto e ávido aos anseios de seu destino. Portanto, na data de 1º de agosto, há parabéns para Caxias pela bravura, encanto e beleza desta terra eternizada em dois dos principais símbolos nacionais: o Hino Nacional Brasileiro com os versos do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias “nossos bosques têm mais vida/nossa vida mais amores” e a Bandeira Nacional Brasileira, idealizada pelo positivista caxiense, Raimundo Teixeira Mendes, e, também, autor da insígnia “Ordem e Progresso”, extraída do Lema positivista escrito por ele e que diz:

“O povo brasileiro, assim como a maioria dos povos ocidentais, acha-se, vivamente, solicitado por duas necessidades, ambas imperiosas e que se resumem em duas palavras: Ordem e Progresso”.

O local onde se acha situada a bela cidade de Caxias foi, primitivamente, um agregado de grandes aldeias dos índios Timbiras e Gamelas que conviviam pacificamente com os franceses. Porém, com a expulsão dos franceses do Maranhão, em 1615, os portugueses reduziram tais aldeias à condição de subjugadas e venderam suas populações como escravos ao povo de São Luís.

Várias denominações foram impostas ao lugar, dentre as quais: Guanaré – denominação indígena -, São José das Aldeias Altas, Freguesia das Aldeias Altas, Arraial das Aldeias Altas, Vila de Caxias e, finalmente, através da Lei Provincial, número 24, datada de 05 de julho de 1836, fora elevado à categoria de cidade com a denominação de Caxias. Foi na Igreja de São Benedito que em 1858, o antístite da Igreja Maranhense, Dom Manoel Joaquim da Silveira, denominou Caxias com o título: “A Princesa do Sertão Maranhense”.

É bom lembrar que, ao contrário do que muitos pensam, o nome Caxias não se atribui a Luís Alves de Lima e Silva, patrono do Exército Brasileiro; ele, sim, recebeu o título “Barão de Caxias” por ter sufocado a maior revolução social existente no Estado do Maranhão: a Balaiada. A cidade de Caxias foi palco da última batalha do movimento. Posteriormente, já em terras do Rio de Janeiro, o Barão de Caxias foi condecorado, novamente, com o título de Duque de Caxias.

Geralmente quando os portugueses criavam, num lugar, uma Vila, mudavam-lhe o nome, às vezes criando uma homônima do Reino nas Colônias. Inicialmente, a grafia Cachias viera de Portugal, que se refere a uma excelente Quinta Real com muitas palmáceas e davam flores e frutos em cachos, e que ficava nos arredores de Lisboa perto de Oeiras (Portugal) outra bonita quinta do Márquez de Pombal, que era também residência real. Nessa área existia uma estação de caminho de ferro de Cascaes; lugar com uma estação balneária, com água excelente e caldas térmicas muito procuradas para o tratamento de paralisias e reumatismo.

Fonte de Pesquisa: César Augusto Marques – Dicionário Histórico e Geográfico do Maranhão; Coutinho, Milson – Caxias das Aldeias Altas e Francisco Caudas Medeiros Aconteceu em Caxias.

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