Por
Chico Leitoa
Há 39 anos, 28 de julho de 1979, na Cidade
de. Parnaíba, sob as bênçãos do Padre John Patric, na igreja de São Sebastião,
casamos Eu e Beta. Uma cerimônia simples onde apenas alguns familiares puderam
comparecer.
Eu cursava Engenharia civil na Universidade
Federal do Piauí e ministrava aulas em escola particular em Teresina e escola
pública em Timon, além de estagiar numa empresa privada na construção de casas
para a classe media da capital Piauiense. Era uma vida atribulada. Sem
transporte e morando em Timon, tinha que percorrer grandes distâncias a pé, de
ônibus e caronas, principalmente em uma moto que o meu irmão João Damasceno me
emprestava. Combinamos, Eu e Beta, que só teríamos filhos após eu terminar o
curso. Porém, com menos de onze meses de casamento, nascia nosso primogênito. .
Um ano depois do nascimento do primogênito,
conclui o curso numa maratona em que passamos 40 alunos e apenas 10 terminamos
na primeira turma. Dois meses depois, nasceu o segundo filho. Um ano depois do
nascimento do segundo, nascia prematuramente, a única filha (Izana), que veio a
falecer com 16 dias de vida.
Foram anos de muitas lutas e adaptações,
iniciando a vida profissional, com dois filhos pequenos e como âncoras de
nossas famílias, eu e Beta fomos nos dividindo entre estruturar nosso lar, ela
cuidando das crianças e da casa, e eu me firmando como Engenheiro na iniciativa
privada. Pouco antes de me formar, conseguimos fazer, no próprio terreno onde
morava toda a família, quatro cômodos onde praticamente nem chegamos a morar.
Ao assumir as atividades de Engenheiro, logo compramos o primeiro carro (uma
Brasília), com um ano o primeiro carro zero e com menos de dois anos, a casa
onde moramos ate hoje, que passou por uma boa reforma. Depois do carro novo,
fizemos inúmeras e felizes viagens à Parnaíba onde meu sogro era o maestro da
banda de música da policia militar e onde a Beta, em função da transferência de
seu pai, morou por dez anos, três dos quais namoramos e noivamos.
Já se vão 42 anos de convivência e trinta e
cinco de casamento sempre pautado na compreensão e companheirismo além, claro,
do sentimento que nos une. Enfrentamos sempre juntos os problemas que são inerentes
à vida de qualquer casal. A partir de um determinado momento, dona Beta
começou a dividir comigo as atividades empresariais, seja na construção de
casas, até a instalação de uma loja de comercializar ferro, em maio de 1987, na
Av. Miguel Rosa, próximo à ponte metálica em Teresina. Começamos com seis e no
final de um ano tínhamos um estoque de 100 toneladas de ferro. Somente eu, Beta
e o amigo (cantor) João Paulo trabalhávamos lá, sendo que dona Beta além de gerenciar
fazia as entregas. O negócio ia de vento em popa, veio a primeira campanha para
prefeito em 1988 e consumiu a loja. Mais ou menos na mesma época e praticamente
do mesmo porte, nascia a hoje gigante Ferronorte.
Nos anos de 89 e 90, praticamente morei em
São Luís, com as crianças pequenas, Beta não podia me acompanhar, porém, nas férias
escolares ela permanecia na capital maranhense com os pequenos.
A minha entrada na política teve seu aval e
sempre esteve à frente em todos os momentos, seja em campanhas, seja em
governos. Ela nunca reclamou da gente ter gasto em campanhas, o que ganhamos trabalhando
empresarialmente, uma grana que poderia ser hoje um grande patrimônio. Não
lamentamos por isso, o que nos faz falta hoje, é a saúde dela. Hå mais de nove
anos, sofre de uma doença neurológica degenerativa, ocasionada por lesão nas
células do neurônio motor (responsável pelo enrijecimento dos músculos e pela
emissão de comandos através do cérebro) denominada ELA (esclerose lateral
amiotrófica). A estatística é de uma para cada cem mil pessoas, que normalmente
duram entre dois e cinco anos. Apesar dos esforços mundo a fora, pouco se
conhece da origem da doença. Faltam investimentos para o aprofundamento mais
rápido para que a cura seja alcançada.
Buscamos todos os meios para tentar melhorar
sua saúde, desde dois anos no Sara em São Luís, dezenas de médicos e clínicas
em vários Estados, milhares de exames até fora do País, há três anos
e meio sendo acompanhada por um neurologista renomado Dr Pedroso, o que
nos impôs mais de dez viagens a São Paulo, e utilização de alguns medicamentos
em fase de testes levados a congressos internacionais tais como:
metilcobalamina e L-Serina, cura religiosa em Santo Amaro (SP) missa da cura
com Padre Eugênio Maria (três vezes) e Abadiânia (GO) casa de cura Santo Inácio
com Seu João de Deus (cinco vezes), remédio caseiro, orações, muitas orações e
uma maratona de médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e medicações de uso
contínuo, mesmo assim a doença avança lentamente.
Hoje vejo minha companheira debilitada, já
usando um aparelho para ajudar na respiração na hora de dormir. Com certeza
sofrendo por não poder levar uma vida normal sob todos os aspectos inclusive
curtir melhor o neto e as duas netas, e ajudando mais diretamente o Luciano na
sua grande tarefa. Mas não se entrega e está sempre ligada através das redes
sociais e se cuidando como pode. Seu visual pouco mudou sempre se cuida e
quando vamos a algum evento, ela, mesmo de cadeira de rodas, sentada, nem
parece que tá doente. Sempre muito bonita. Dias 22 e 23 de junho passado fomos
a um congresso em São Paulo sobre ELA, Beta se destacou e foram varias participantes
que acometidas ou não da doença que pediram pra tirar e tiraram muitas fotos
com ela.
Beta sempre foi da linha de Frente. Também
deve sofrer por não poder usufruir na plenitude, a solidez do nosso casamento,
quando entro no ano de completar 65 e ultrapassamos quatro décadas que estamos
juntos.
Quantos momentos já foram subtraídos em
função do seu estado de saúde. Lembro da última viagem a Barreirinhas, antes da
manifestação da doença, em fevereiro de 2009. A foto abaixo retrata o que foram
aqueles três dias.
Hoje nos apegamos a Deus e temos esperança de
vê-la pelo menos ter sua saúde melhorada. Esta brava e bonita mulher que sempre
procurou ajudar as pessoas e sempre foi cheia de vida, merece ser curada pela
mão divina. Oremos… Deus testa os seus!!!
Neste sábado 28.07.2018, completamos 39 anos
de casados, parceria absoluta ao longo de todos esses anos.
Chico Leitoa é engenheiro, ex-Prefeito de Timon,
ex-Deputado Federal e Estadual.
Escrito
em janeiro de 2014
Atualizado
em 28.07.2018
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