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Preso no Piauí jornalista conhecido pela denúncia frequente de políticos

17.6.20

Aos 67 anos, Arimatéia foi preso com espalhafato e humilhado em camburão da polícia

Arimatéia Azevedo, preso em Teresina e tratado como bandido perigoso: apenas um jornalista
habituado a denunciar patifarias - Foto: reprodução de imagens da TV Cidade Verde.

Diário do Poder - O jornalista Arimatéia Azevedo, diretor do Portal AZ, em Teresina (PI), preso na sexta-feira (12), foi transferido nesta terça-feira (16) para a Penitenciária Irmão Guido, numa sequência de humilhações impostas por autoridades cujas irregularidades ele vinha denunciando.

Ele foi transferido para a penitenciária pelo Greco sob forte esquema de segurança, como se fosse um bandido perigoso, e com a sirene da viatura ligada, para chamar atenção. Arimatéia é popular e muito conhecido na cidade. O jornalista foi recolhido a uma cela na Academia de Polícia do Piauí.

A prisão de Arimatéia, pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), foi realizada sob acusação de suposta extorsão contra um médico, no valor de R$ 20 mil. O jornalista garante que é inocente e chamou de “canalhice” o que armaram contra ele.

Denunciados comemoram

A prisão foi saboreada pelos alvos das denúncias frequentes de Arimatéia, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), cujos endereços no Estado já foram visitados pela Polícia Federal, em operação contra corrupção. Nas redes sociais, o senador publicou post sobre sua concepção de  “mau jornalismo”.

No momento em que o metiam no camburão, os policiais estavam fortemente armados, mas permitiram a aproximação de algum dos alvos do jornalistas que até poderia estar armado, mas apenas debochava aos gritos: “Quem é que vai ser preso Arimatéia? Você não disse que eu ia ser preso?”

A filha de Arimatéia afirmou que o pai pode morrer na prisão. Maria Tereza Azevedo explicou que a família está apreensiva porque o jornalista é portador de comorbidades que o deixam muito vulnerável a covid-19. Aos 67 anos, ele é hipertenso, pré-diabético, tem pneumonia recorrente, sofreu derrame na pleura e tem um stent na perna.

Um jornalista desassombrado

Arimatéia Azevedo tem cerca de 50 anos deles dedicado ao jornalismo investigativo, sempre denunciando criminosos da política, da polícia e da justiça.

Em 1987, denunciou o crime organizado no Piauí, comandando pelo então coronel Correia Lima, da PM. Ele teve que se refugiar em Brasília para não ser morto. A sua denúncia só foi investigada somente 12 anos depois, pela Polícia Federal, do Ministério Público Federal e Justiça Federal, resultando no desbaratamento da quadrilha e na prisão e condenação de vários criminosos, inclusive o coronel Correia Lima.

Ao longo da carreira, o jornalista colecionou inimigos poderosos, inclusive no Tribunal de Justiça do Piauí. Sua família afirma que ele jamais foi intimado a depor sobre a denúncia contra ele, que tramitou em segredo.

Jornalista polêmico e desassombrado, Arimatéia já sofreu atentado em casa, por conta de suas denúncias. O Sindicato dos Jornalistas do Piauí expediu nota condenado a arbitrariedade da prisão, cujo processo tramitou em segredo de justiça, sem que tenha sido oferecida a oportunidade de defesa ao acusado.

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