Aos 67 anos,
Arimatéia foi preso com espalhafato e humilhado em camburão da polícia
Arimatéia
Azevedo, preso em Teresina e tratado como bandido perigoso: apenas um
jornalista habituado a denunciar patifarias - Foto: reprodução de imagens da TV Cidade Verde. |
Diário do
Poder
- O jornalista Arimatéia Azevedo, diretor do Portal AZ, em Teresina (PI), preso
na sexta-feira (12), foi transferido nesta terça-feira (16) para a
Penitenciária Irmão Guido, numa sequência de humilhações impostas por
autoridades cujas irregularidades ele vinha denunciando.
Ele
foi transferido para a penitenciária pelo Greco sob forte esquema de segurança,
como se fosse um bandido perigoso, e com a sirene da viatura ligada, para
chamar atenção. Arimatéia é popular e muito conhecido na cidade. O jornalista
foi recolhido a uma cela na Academia de Polícia do Piauí.
A
prisão de Arimatéia, pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), foi
realizada sob acusação de suposta extorsão contra um médico, no valor de R$ 20
mil. O jornalista garante que é inocente e chamou de “canalhice” o que armaram
contra ele.
Denunciados
comemoram
A
prisão foi saboreada pelos alvos das denúncias frequentes de Arimatéia, como o
senador Ciro Nogueira (PP-PI), cujos endereços no Estado já foram visitados
pela Polícia Federal, em operação contra corrupção. Nas redes sociais, o
senador publicou post sobre sua concepção de “mau jornalismo”.
No
momento em que o metiam no camburão, os policiais estavam fortemente armados,
mas permitiram a aproximação de algum dos alvos do jornalistas que até poderia
estar armado, mas apenas debochava aos gritos: “Quem é que vai ser preso
Arimatéia? Você não disse que eu ia ser preso?”
A
filha de Arimatéia afirmou que o pai pode morrer na prisão. Maria Tereza
Azevedo explicou que a família está apreensiva porque o jornalista é portador
de comorbidades que o deixam muito vulnerável a covid-19. Aos 67 anos, ele é
hipertenso, pré-diabético, tem pneumonia recorrente, sofreu derrame na pleura e
tem um stent na perna.
Um jornalista
desassombrado
Arimatéia
Azevedo tem cerca de 50 anos deles dedicado ao jornalismo investigativo, sempre
denunciando criminosos da política, da polícia e da justiça.
Em
1987, denunciou o crime organizado no Piauí, comandando pelo então coronel
Correia Lima, da PM. Ele teve que se refugiar em Brasília para não ser morto. A
sua denúncia só foi investigada somente 12 anos depois, pela Polícia Federal,
do Ministério Público Federal e Justiça Federal, resultando no desbaratamento
da quadrilha e na prisão e condenação de vários criminosos, inclusive o coronel
Correia Lima.
Ao
longo da carreira, o jornalista colecionou inimigos poderosos, inclusive no
Tribunal de Justiça do Piauí. Sua família afirma que ele jamais foi intimado a
depor sobre a denúncia contra ele, que tramitou em segredo.
Jornalista
polêmico e desassombrado, Arimatéia já sofreu atentado em casa, por conta de
suas denúncias. O Sindicato dos Jornalistas do Piauí expediu nota condenado a
arbitrariedade da prisão, cujo processo tramitou em segredo de justiça, sem que
tenha sido oferecida a oportunidade de defesa ao acusado.
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