Mais
uma vez escrevo sobre a Norte-Sul, a estrada de ferro que eu lancei como
Presidente da República e que naquela época foi combatida de toda maneira,
chamada de, como foi a Belém-Brasília, estrada das onças —
que ligava o nada a coisa nenhuma —, mas com o passar dos anos fez todos os
críticos morderem a língua e pedir desculpas, desfazendo as críticas. E a
Norte-Sul fez parte dos programas de todos os governos que me sucederam.
Ainda
consegui fazer o trecho Itaqui-Estreito, a ponte sobre o Rio Tocantins, e um
trecho no estado de Goiás — onde, em Janaúba, presidi ao início das obras. Meu
desejo era deixá-la concluída até o fim do meu mandato, mas o combate foi tão
violento que não consegui avançar.
A
Norte-Sul colocou o modelo
ferroviário concorrendo com o rodoviário, o predominante no
País — e daí surgiu a grande resistência. As estradas de ferro foram a grande
alavanca do comércio e do desenvolvimento no século XIX e, em grande parte do
mundo, acompanharam a modernização da logística e continuam sendo o principal
eixo em muitos dos maiores países. Nós chegamos a ter 40 mil quilômetros de
ferrovias; quando assumi, apenas 10% desses estavam modernizados — muitos
tinham simplesmente sido abandonados. Os trens modernos mantêm a vanguarda no
transporte de passageiros, com os trens de grande velocidade imbatíveis em
médias distâncias pois, param nos centros urbanos, evitando os longos
deslocamentos até os aeroportos; por outro lado as alternativas de carga
intermodal oferecem trunfos extraordinários nos custos de produção — lembrando
ainda a importância na proteção do meio-ambiente, pois concorre com poluidores
intensivos, como aviões, caminhões e automóveis.
O
projeto era traçado da Norte-Sul cortando o Brasil e o integrando de Sul a
Norte. Ela seria complementada por outra de Oeste a Leste, saindo de Cuiabá,
interligando-se com a rede paulista até Santos, que já existe, e uma terceira,
a Transnordestina, ligando o Brasil Central até o litoral da Bahia. A Norte-Sul
vai do Itaqui até Brasília, aí interliga-se com a Rede Ferroviária Sul e vai
até Santos.
Assim
o Itaqui passa a ser o grande porto do Brasil Central e São Luís se torna o
escoadouro natural de grande parte da produção de cereais e o remetente de
combustíveis para a produção do Planalto Central, Mato Grosso e Goiás. No
futuro o Itaqui será um dos maiores do mundo.
A
Norte-Sul está pronta e já traz carga dessa região para embarcar no Itaqui. Falta
agora só a aparelhar com infraestrutura e logística. Mas o anúncio de sua
chegada a São Paulo significa que a interligação planejada está feita, o sonho
realizado.
O
Maranhão vislumbra assim o que sempre pensei: em torno de um grande porto se
estabelece uma grande civilização.
O
Maranhão tem a sua vocação encontrada. Depois virão o gás, Alcântara e a frente
agrícola que vem de Balsas, a qual nos tornará também um grande produtor de
cereais.
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