Comunicador afirmou em redes sociais que "atiçar a
violência contra a mulher e atacar o jornalismo independente são desserviços
monstruosos".
O apresentador e empresário Luciano Huck
criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo insulto proferido nessa
terça-feira (18), com insinuação sexual, contra a jornalista Patrícia Campos
Mello, da Folha de S.Paulo. Para Huck, o episódio ultrapassou as fronteiras da
decência. Apontado como pré-candidato à Presidência da República em 2022, o
comunicador afirmou em redes sociais que "atiçar a violência contra a
mulher e atacar o jornalismo independente são desserviços monstruosos".
Huck manteve uma atuação discreta nas últimas
semanas sobre questões diretamente ligadas ao governo Bolsonaro. O apresentador
já foi criticado pelo próprio presidente e por seus apoiadores por causa de
opiniões sobre a atual gestão. "Tenho evitado comentar declarações
públicas de quem quer que seja. Seja porque torço pelo Brasil, seja porque não
quero alimentar fofocas e intrigas. Mas as fronteiras da decência foram
ultrapassadas hoje. Triste e revoltante ao mesmo tempo", afirmou ele nesta
terça.
"Respeito é a base de qualquer sociedade
e pilar da democracia. Atiçar a violência contra a mulher e atacar o jornalismo
independente são desserviços monstruosos. Meu apoio à mulher e jornalista
[Patrícia] @camposmello", completou. A fala de Bolsonaro provocou reações
de parlamentares, de entidades de jornalismo e da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), que condenaram a atitude. A Folha de S.Paulo, em nota, disse que o
insulto do titular do Planalto agride Patrícia e todo o jornalismo profissional.
"Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço
contra mim [risos dele e dos demais]", disse o presidente, em entrevista
diante de um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada.
A ofensa do presidente à jornalista foi uma
referência ao depoimento de um ex-funcionário de uma agência de disparos de
mensagens em massa por WhatsApp, dado na semana passada à CPMI das Fake News no
Congresso.
Líderes políticos de diferentes partidos
também repudiaram o gesto de Bolsonaro. O ex-presidente Lula (PT) disse que
"está na hora de ele aprender bons modos" e interromper o
"comportamento cotidiano" de ofender e achincalhar as pessoas.
"Lamentavelmente me parece que a democracia não chegou à cabeça das pessoas.
Me parece que a educação, o respeito, não chegou à cabeça do presidente
Bolsonaro", comentou o petista.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB),
defendeu o respeito à liberdade de imprensa e classificou como desrespeitosa e
condenável a postura de Bolsonaro. "Considero muito desrespeitosa a
atitude do presidente mais uma vez em relação aos jornalistas, em especial a
uma jornalista mulher." Os presidentes dos demais Poderes silenciaram
sobre o ataque. Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, foram
procurados por meio de suas assessorias de imprensa, mas não se manifestaram.
O procurador-geral da República, Augusto
Aras, também não se posicionou sobre a declaração do presidente.
Há algumas semanas, ao participar do Fórum
Econômico Mundial em Davos, Huck foi chamado de próximo presidente do Brasil. O
apresentador evitou fazer menções diretas a Bolsonaro, mas falou que o país
merece representação melhor no exterior. "O Brasil precisa ser mais bem
representado, para além da economia", afirmou.
Dias depois, em artigo publicado na Folha de
S.Paulo, ele afirmou que o país necessita de uma ampla coalizão para enfrentar
a desigualdade, martelando aquele que deve ser seu mote de campanha, caso
decida concorrer ao Planalto em 2022. O apresentador, que se movimenta no
cenário político por meio do apoio a iniciativas como o grupo Agora! e a escola
de formação de candidatos RenovaBR, não é filiado a partido, mas tem sido
assediado pelo Cidadania. (Da Folha)
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