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Escola Maria Luiza
deixa de ser um “porto seguro” para pais de deficientes
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Pais
de alunos deficientes mentais em Caxias perderam neste ano uma grande conquista
existente há mais de três décadas na cidade, a Escola Maria Luiza.
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Prédio do antigo Hospital
Dia está em ruínas
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Localizada
no bairro Vila Arias, a escola foi criada em 1982 pela boa ação do então
prefeito Numa Pompilio.
Pai de
uma criança portadora da síndrome de Down, Numa Pompilio resolveu fazer uma escola
voltada para o atendimento não só de crianças com Down, mas de todo tipo de deficiência
mental.
Levando
o nome da sua esposa, nos últimos 33 anos a Escola Maria Luiza foi um porto
seguro para centenas de pais que tinham na unidade educacional a garantia de
transporte de seus filhos desde a residência, atendimento pedagógico adequado
de acordo com a deficiência, atendimento médico e um carinho todo especial do
corpo de funcionários.
Com o
pretexto de seguir normas da Lei da Inclusão, que determina que portadores de
deficiência mental devem ser educados na escola regular, o município de Caxias
retirou da Escola Maria Luiza o caráter de atendimento a doentes mentais,
tornando-a uma escola regular.
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Mais de R$ 380 mil
reais somente em dezembro / Apae de Caxias
não teve a mesma ‘sorte’ das demais entidades
que tratavam deficientes
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Com
isso, das mais de 150 crianças com deficiência matriculadas no ano passado,
apenas 3 delas se inscreveram neste ano, sendo que outras 20, sem nenhum tipo
de problema mental, foram aceitas neste ano.
A
medida deixou dezenas de pais desesperados, pois a tranquilidade e a certeza de
um lugar apropriado para seus filhos acabou, deixando o medo e a insegurança no
lugar.
“Sabá,
como é que vou matricular meu filho numa escola regular, onde ele será
certamente vítima de bullying dos colegas?”, questiona uma mãe que não
quis se identificar, moradora do bairro Ponte que pensa em deixá-lo em casa por
medo dele ficar entre crianças que não entenderão sua deficiência. “No
Maria Luiza a gente ficava tranquila, pois eles vinham buscar e deixar o
menino, que chegava em casa tranquilo, feliz e ansioso pela chegada do carro
para levar ele do volta para lá no dia seguinte”, conta a mãe que está
desnorteada com a situação.
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Demonstrativos de
pagamentos feitos a Apae no final de 2014
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O
desmantelamento da rede de atendimento a doentes mentais em Caxias não começou
agora. No final de 2012 e início de 2013, entre a eleição e posse do prefeito
Léo Coutinho, o Hospial Dia, referência no Maranhão para atendimento de doentes
mentais, foi descredenciado do SUS e hoje está com suas instalações em ruínas.
Com
médicos psiquiatras, enfermeiros, psicólogos e toda uma equipe
multidisciplinar, a unidade de Saúde foi fechada abruptamente.
No
Hospital Dia, dezenas de doentes mentais chegavam pela manhã, faziam trabalhos
educativos, atendimento médico especializado, lanchavam, almoçavam, eram medicados
e voltavam pra casa no final do dia.
Mas se
por um lado o município de Caxias praticamente destruiu dois importantes
alicerces no atendimentos a pessoas com deficiência, por outro está
concentrando recursos públicos numa entidade privada como nunca fez antes.
A APAE
– Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, em Caxias, está recebendo
dinheiro como nunca recebeu em toda sua história.
Para não
irmos muito longe, somente no mês de dezembro de 2014, a APAE caxiense recebeu
a bagatela de R$ 384.053,29 (trezentos e oitenta e quatro mil, cinquenta e três
reais e vinte e nove centavos) a título de “referente aos serviços de saúde
para realização de procedimentos com finalidade diagnóstica, clínicos e
cirúrgicos de acordo com tabela unificada de procedimentos do SUS” feito pela
Prefeitura de Caxias.
Os
recursos obedeceram a seguinte sequência de pagamento:
Em
01/12/2014 a quantia repassada foi de R$ 154.913,64 (cento e cinquenta e
quatro mil, novecentos e treze reais e sessenta e quatro centavos).
Já no apagar
das luzes de 2014, exatamente no dia 30 de dezembro, com a mesma finalidade de “serviços
de saúde para realização de procedimentos com finalidade diagnóstica, clínicos e
cirúrgicos”, a APAE foi contemplada com dois pagamentos robustos, sendo um de R$
138.009,90 (cento e trinta e oito mil, nove reais e noventa centavos) e outro
mais ‘modesto’ de R$ 91.129,75 (noventa e um mil, cento e vinte e nove reais e
setenta e cinco centavos)
Controlada
em Caxias pelo ultra-governista vereador Jerônimo Ferreira, a entidade nunca foi
tão ‘reconhecida’ pelo poder público municipal como agora.
Não
consigo entender os critérios usados pelo governo Léo Coutinho para
distribuição dos recursos públicos destinados a pessoas com deficiência, mas
que ele tem feito a alegria de poucos em detrimento a de muitos, com certeza
ele fez.
Enquanto
isso, dezenas de crianças estão deixando de frequentar uma escola renomada e
apropriada para o atendimento de deficientes, deixando pais e mães preocupados
com a qualidade de vida dos mesmos.
Não
custa nada lembrar o slogan do atual governo: “Pode Arrochar!!!”
“Bunito”, a escola tradicional sendo jogada as traças e o hospital dos deficientes idem, mas a apae do gerê indo de boa. Léozinho, pode arrochar, que vc sabe agradar quem lhe serve...