Desde os anos 1970, quando começou a carreira, até sua morte, em 2021, a jornalista Cristiana Lôbo nunca se descolou da cobertura política. Era apaixonada pelas notícias que cercam o Palácio do Planalto — como se via nas informações e análises que, a partir de 1996, alimentaram suas participações na GloboNews, onde apresentou o programa “Fatos e versões”, entre outros. Este resumidíssimo currículo reforça o recém-lançado “O que vi dos presidentes”, assinado por Cristiana e pela jornalista Diana Fernandes, outra experiente repórter da política brasileira. Não é livro de opinião. É livro de História.
A obra retrata os oito presidentes pós-ditadura que Cristiana acompanhou com o olhar atento, contextualizando o cenário político da época e a história pregressa de cada um.
Um capítulo do livro foi dedicado ao ex-presidente José Sarney.
A inesperada internação de Tancredo Neves em 14 de março de 1984 conduziu José Sarney ao Planalto no dia seguinte. Era para ser interino, mas a morte do presidente eleito, cinco semanas depois, tornou-o presidente de fato.
A situação não era a mais confortável para o seu lado, mas, diz o livro, Sarney contou com uma “das faces do político que sustentou uma carreira por mais de 60 anos, sem interrupções: o homem afável, cortês, com humildade para reconhecer seu papel como presidente interino, substituto.”
Sarney parecia não ter pressa para governar. Ciente de que vivia em um ambiente hostil, o livro diz que ele “passaria cinco anos se equilibrando entre atitudes e comportamentos que iam da cordialidade à agressividade típica dos coronéis que fizeram fama na política brasileira na primeira metade do século passado.”
Assim,
os meses de depressão diante do governo foram se sucedendo muito lentamente
para Sarney, que chegou ao fim do mandato derrotado no plano econômico (com
inflação de 1.782% em 1989), mas comemorando o que considerou seu maior feito:
“A conclusão do processo de redemocratização do país.” (O Globo)
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