Movimentação financeira dos réus girou em torno de R$ 44 milhões em apenas dois anos. Investigação aponta que suposto esquema fazia transferências fracionadas para mascarar distribuição do dinheiro público
ATUAL 7 - A Justiça do Maranhão agendou para o próximo dia 14 de agosto a oitiva do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim (Novo), na ação penal em que ele é réu sob acusação de fraude em licitação, associação criminosa e armazenamento irregular de combustível.
O juiz Douglas Lima da Guia, titular da 4ª Vara da Comarca de Balsas, determinou que o depoimento ocorra por sistema de videoconferência.
Na audiência de instrução e julgamento também devem ser ouvidos os outros quatros réus na ação: João Batista dos Santos Coutinho (proprietário da empresa Andrade e Coutinho), Elizany Costa e Silva Rodrigues e Thaisa Costa Silva Rodrigues (proprietárias do Auto Posto Fortaleza) e Celsivan dos Santos Jorge (presidente da CPL e pregoeiro do município de São Pedro dos Crentes na gestão Lahésio), além de testemunhas de acusação e defesa.
Apesar da denúncia já ter sido aceita desde junho de 2022, o caso está sob segredo de Justiça.
De acordo com investigações da Seccor (Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção) da Polícia Civil maranhense, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes teria desviado verbas públicas no período em que comandada os cofres do município.
As suspeitam foram reforçadas pelo Ministério Público do Estado após relatórios de análise das quebras de sigilo de dados bancário e fiscal, autorizados pelo Tribunal de Justiça, e de provas obtidas durante operação policial que cumpriu mandados de busca e apreensão na prefeitura de São Pedro dos Crentes, em julho de 2020.
O esquema criminoso, segundo os investigadores, teria relação com o fornecimento de combustíveis para a administração municipal.
Por meio do suposto esquema, aponta a investigação, a movimentação financeira global dos réus girou em torno de R$ 44 milhões em apenas dois anos.
Com base no inquérito da Polícia Civil, o Ministério Público aponta na denúncia que um posto localizado entre os municípios de Balsas e São Raimundo das Mangabeiras, vencedor do procedimento licitatório suspeito de fraude e de sobrepreço, pertenceria ao próprio Lahésio Bonfim e seria operado por meio de laranjas. Ele nega que tenha cometido qualquer ilegalidade, e diz ser vítima de perseguição política.
De acordo com o relatório de análise técnica dos dados bancários dos réus, os investigadores identificaram que apenas uma empresa que já foi de Lahésio Bonfim efetuou para a conta pessoal do ex-prefeito mais de 100 transferências no período levantado, totalizando mais de meio milhão de reais.
Ele próprio também efetuou diversas transferências para envolvidos na licitação suspeita, em valores de baixa monta, de até R$ 30 mil. No mesmo período, recebeu créditos das mesmas pessoas, sempre também em valores baixos, o que levou a Seccor a apontar que as movimentações fracionadas tinham como objetivo mascarar a distribuição de dinheiro público.
Segundo colocado na disputa pelo Palácio dos Leões nas eleições de 2022, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 4,6 milhões, o maior dentre os declarados pelos candidatos daquele pleito. Quando entrou na política eleitoral, em 2008, porém, declarou apenas R$ 156 mil em bens.
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