UOL – A Folha de S.Paulo entrou
com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nessa terça-feira
(23) pedindo à Polícia Federal a instauração de inquérito para apurar ameaças
contra a jornalista Patrícia Campos Mello e o diretor do Datafolha, Mauro
Paulino. Os ataques, segundo o jornal, começaram após a publicação, na última
quinta-feira (18), da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo
WhatsApp”.
Para a Folha,
há indícios de uma ação orquestrada com tentativa de constranger a liberdade de
imprensa. De acordo com o jornal, Patrícia, que é autora da reportagem, recebeu
centenas de mensagens nas redes sociais das quais participa e por e-mail.
Outros dois repórteres que colaboraram para a reportagem foram vítimas de
mensagens difamatórias.
Apenas
entre sexta-feira (19) e essa terça (23), um dos números de WhatsApp mantidos
pelo jornal recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do
aplicativo. O candidato a presidente do PSL, alvo da reportagem, também fez
ameaça à Folha. “A Folha de S.Paulo é a maior fake news do
Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo. Imprensa vendida,
meus pêsames”, atacou.
A
matéria da Folha diz que empresários ligados a
Bolsonaro contrataram empresas para disparar, de maneira ilegal, mensagens
com ataques contra o PT. A prática, se comprovada, configura crime.
Para o
diretor do escritório da ONG Repórteres Sem Fronteiras na América Latina,
Emmanuel Colombié, “os ataques do candidato Jair Bolsonaro e de seus
apoiadores contra o jornal Folha de S.Paulo são inaceitáveis e
indignos de um partido que pretende governar o país”. O Comitê para
a Proteção dos Jornalistas também se manifestou pedindo às autoridades
brasileiras que garantam segurança aos dois profissionais.
WhatsApp hackeado
Segundo
a Folha, o WhatsApp de Patrícia foi hackeado. Parte das mensagens mais
recentes dela foi apagada e mensagens pró-Bolsonaro foram disparadas para
alguns dos contatos da agenda telefônica da jornalista.
Patrícia
também recebeu duas ligações telefônicas de número desconhecido nas quais uma
voz masculina a ameaçou. Em grupos de apoio ao presidenciável do PSL foram
distribuídas mensagens convocando eleitores do capitão reformado para
confrontar Patrícia no endereço onde aconteceria um evento que seria moderado
por ela, na próxima segunda-feira (29), um dia após a eleição.
Além
de Patrícia, outros dois repórteres que colaboraram para a reportagem, Wálter
Nunes e Joana Cunha, também foram alvo de um meme falso. O outro profissional
que entrou na mira de apoiadores de Bolsonaro foi o diretor-executivo do
Datafolha, Mauro Paulino, que foi alvo de ameaças, no seu Messenger e em sua
casa.
Ainda
foram disseminadas nas redes sociais uma mensagem com conversa fictícia entre
Patrícia e o coordenador da campanha de Haddad, José Sergio Gabrielli, pela
qual ele teria encomendado a reportagem, e uma foto com uma mulher desconhecida
abraçada a Haddad, como se fosse a jornalista.
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