Política x Ciência
Da Coluna do Sarney
Há
agora uma novidade na discussão política brasileira. Sumiu a controvérsia e
discussão sobre os ismos (comunismo, fascismo, populismo etc.) para, diante da
catástrofe do Coronavírus, surgir o grupo dos adeptos dos cientifistas e dos
guedistas, ou seja, dos que querem seguir o que determina a OMS (Organização
Mundial de Saúde) com o isolamento e daqueles que querem ver o libera geral:
todos comprando porque a economia está acima da ciência, isto é, da vida.
O
que se discute não é racional. O que está ameaçado não é a economia, é a
espécie humana, é a vida, repito. Já disse que quem não vive não compra nem
vende.
Este
vírus é um inimigo inédito. Tem dois aspectos que intrigam os cientistas, que,
no mundo inteiro, estão unidos e cooperando entre si, apoiados em centros de
pesquisa com todos os instrumentos disponíveis do saber humano: 1) por que a
família dos Coronavírus (que inclui a do resfriado comum) é tão eficaz?; e 2)
por que sua doença demora duas semanas incubada e continua se espalhando?
A
verdade é que não existe nada confiável que possa enfrentá-lo. A única solução
é evitar o contágio, com o isolamento e, fora dele, com o uso de máscara por
todas as pessoas. Nenhum remédio, nenhuma vacina apareceu como eficaz. Existem
cerca de cinquenta centros de pesquisa, os melhores do mundo, trabalhando dia e
noite, e avançaram bastante, mas precisam de algo que não há como superar:
TEMPO. Pelo menos um ano para o que chamam fase 1, muito mais para a fase 2, a
partir da qual a vacina poderá ser adotada. Os mais avançados são o chinês
CanSino, de Tianjin, e os americanos Moderna e Janssen — o governo americano
destinou três bilhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento da vacina.
A
OMS está fazendo o ensaio clínico Solidarity, por um pool de instituições de
pesquisa de dezenas de países, para estudar inicialmente quatro tratamentos com
remédios já existentes, que podem atacar o vírus: cloroquina e
hidroxicloroquina, usados contra malária; combinação de ritonavir com
lopinavir, contra HIV; estes dois mais interferon-beta; e remdesivir, um
antiviral.
O
grande economista Raghuram Rajan, que foi presidente do Banco Central da Índia,
fez uma frase que define nosso momento: “Esta crise não perdoa a
incompetência.”
Nós,
políticos, precisamos refletir sobre o fato de que nenhum dos sistemas e
teorias políticas praticados na História foi capaz de fazer, pela Humanidade, o
que fez a ciência. Nenhum político pode ser igualado a Fleming, que descobriu a
penicilina e possibilitou o desenvolvimento dos antibióticos, que curam as
infecções e aumentaram a perspectiva de vida do homem. O que não dizer de
Sabin, que descobriu a vacina contra a paralisia infantil, de Pasteur, de
Madame Curie, de Koch e de tantos e tantos outros!
A
solução é a vacina. Até lá ficarmos em casa e lamentar não termos aprendido a
fazer crochê.
0 comentários:
Postar um comentário