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Nada indica que Dino encerrará carreira política após STF, diz Veja

13.2.24

Flávio Dino deixou o cargo de ministro da Justiça no início do mês, reassumiu o mandato de senador e, daqui pouco mais de uma semana, será nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal.

Em nove dias, portanto, ele será dono de um feito notável: terá ocupado postos de destaque nos três poderes da República — Executivo, Legislativo e Judiciário.

Dino começou sua carreira pública como juiz federal, depois decidiu ingressar na política, deixou a magistratura, filiou-se ao PCdoB, elegeu-se deputado federal, governador do Maranhão e, em 2022, conquistou a cadeira de senador pelo PSB. Convidado pelo presidente Lula para o ministério, permaneceu 13 meses no cargo, retornou ao Congresso para uma rápida temporada como parlamentar e, no próximo dia 22, será empossado no STF. Em tese, ficará no cargo pelos próximos dezenove anos, até abril de 2043, quando completará 75 anos de idade, data-limite para a aposentadoria. Em tese porque nada indica que o senador pretende encerrar definitivamente sua carreira política.

Nas últimas semanas, VEJA conversou com aliados, amigos e ex-auxiliares da mais estrita confiança do ex-ministro. Todos — sem exceção — relatam uma história diferente da que foi contada sobre a decisão dele de deixar o Ministério da Justiça. Pela versão oficial, Dino estaria esgotado, precisava urgentemente cuidar da saúde e, pressionado pela família, pediu ao presidente para ser nomeado ao STF. Lula, mesmo a contragosto, teria então aceitado o pedido. O que aconteceu, segundo os relatos, foi o oposto disso. Dino não pediu para sair do governo, não pediu para ir ao Supremo, não foi pressionado pela família e nem pretende encerrar a carreira política aos 55 anos de idade. Ao contrário. Ele nunca escondeu de ninguém o desejo de disputar a Presidência da República. Poderia ser em 2026, se, por alguma razão, Lula não se candidatar à reeleição, o que hoje é improvável, ou em 2030, quando estará em jogo a sucessão do próprio Lula. Por mais paradoxal que pareça, esse desejo está na raiz do retorno do ex-ministro à magistratura.

Nos treze meses em que esteve no governo, Flávio Dino conseguiu algo inédito. Pela tradição, os ministros mais conhecidos costumam ocupar algum posto ligado à área social do governo, como Saúde e Educação. Os ministérios mais sensíveis, como Fazenda e Casa Civil, normalmente são comandados por potenciais candidatos a presidente. Já o Ministério da Justiça é uma vitrine de problemas. O ministro lida com temas como criminalidade, penitenciárias, terras indígenas, polícia, direitos humanos — assuntos que, quase sempre, são fonte de notícias negativas. Dino, porém, dominava os debates nas redes sociais, passou a ser o auxiliar mais pesquisado no Google e, ato contínuo, entrou na mira da oposição com convocações em série para comparecer ao Congresso. Diante de deputados e senadores, não se intimidava, recorrendo a deboche e sarcasmo contra os adversários, o que lhe garantiu ainda mais holofotes. O problema foi quando o tiroteio passou a vir também do lado amigo.

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