Gênero musical e suas vertentes – todas ligadas ao agronegócio e à direita política no Brasil – vivem de shows em pequenas cidades, arrancando cachês milionários de prefeituras
Marco D’Eça - O show da dupla sertaneja Maiara e Maraisa em Governador Nunes Freire – com cachê de R$ 654 mil liberado prelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Froz Sobrinho – é só mais um dentre os inúmeros eventos milionários protagonizados pelo gênero sertanejo e suas variantes, desde 2018.
- a direita política brasileira se acostumou a pilhar artistas da MPB, acusando-os de beneficiários de dinheiro público, Via leis Rouanet e Paulo Gustavo;
- mas a verdade é que os verdadeiros bilionários do dinheiro público são os sertanejos e suas variantes, todos vinculados diretamente ao agronegócio;
- o próprio agronegócio vive de dinheiro público, com subsídios federais da ordem de quase R$ 500 bilhões em 2024 para suas várias atividades.
De acordo com dados do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, entre 2021 e 2024, as cidades mineiras gastaram quase R$ 1 bilhão com sertanejos, forrozeiros, astros do piseiro e do arrocha – que, no fim das contas, são tudo a mesma coisa.
Com música de qualidade duvidosa, letras sofríveis e melodia pobre, esses gêneros proliferam sobretudo nas periferias, atraindo o público menos instruído, exatamente o grosso da população das cidades que gastam milhões com esse tipo de show.
- na virada de 2004 para 2025, a cantora Ana Castela – campeã de cachês de prefeituras pobres – cantou por R$ 1,1 milhão em São Luís;
- reportagem da revista IstoÉ mostrou que Gusttavo Lima, crítico da Lei Rouanet, lava a burra com show em cidades pobres do país.
“A Lei Rouanet tem limites, que fazem com que, muitas vezes, o valor que se tem de renúncia fiscal não seja suficiente para cobrir o custo total da exposição, da peça de teatro, etc. É uma ajuda, mas não é tudo. No caso da contratação de um artista para a realização de um evento pela prefeitura, que está montando aquilo, ela está disposta a bancar tudo”, compara Carlos Ari Sudfeld, professor de Direito Público da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público (SBPD)
No Maranhão, como em Minas Gerais, os gastos com este tipo de shows – no carnaval, no São João, na virada do ano e nas datas festivas de prefeituras, também já deve ter ultrapassado a casa do bilhão nos últimos anos, mas não há um cálculo específico de nenhum órgão de controle.
Alheia à polêmica, a massa consumidora deste tipo de produto estará neste sábado 8 a plenos pulmões em Governador Nunes Freire, sem ligar se vai ou não faltar dinheiro na cidade.
Maiara e Maraisa voltam pra casa com quase R$ 700 mil a mais no bolso.
Pouco
importa de onde o recurso foi tirado…


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