Alckmin e Lula podem ditar os rumos da eleição no MA |
Não é nada fácil a tarefa do vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, em evitar a presença do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva no mesmo palanque do senador Weverton Rocha (PDT) nas eleições deste ano. Mesmo contando com a força e influência de Flávio Dino para atrair Lula para o palanque de Brandão, a tarefa precisa de uma costura bem maior que a torcida e o desejo do atual governador.
Com uma preferência nas intenções de votos no MA medida em várias pesquisas, Lula tem um histórico de votações expressivas no Estado que garantem a ele uma força eleitoral inconteste e que tornam seu apoio a grande joia da coroa nestas eleições, como tem sido assim no últimos 20 anos.
Pragmático como poucos políticos no Brasil, Lula não hesita muito quando determinado apoio político lhe garanta mais votos. Age quase sempre de olho no retorno imediato na costura das suas alianças.
Em 2006 Lula agiu sem nenhum constrangimento no Maranhão quando sua interferência foi fundamental para impedir a eleição de João Castelo (PSDB) para o senado.
Mesmo o PT tendo Bira do Pindaré como candidato a senador naquele pleito, Lula gravou um vídeo em favor de Epitácio Cafeteira (PTB) que foi explorado a exaustão no horário eleitoral. Lula sabia que eleito senador, o tucano João Castelo seria um osso duro de roer, por isso a operação que favoreceu Cafeteira e tirou a vaga de Castelo.
O vídeo gravado por Lula não pedia voto para Cafeteira (o que a legislação eleitoral impedia). O então presidente apenas falava das qualidades do petebista, deixando claro seu apoio e que sacramentou a vitória do petebista.
O pragmatismo de Lula de 2006 não é nada comparado com o de 2022. Em Pernambuco, já retirou o favorito senador Humberto Costa do páreo para o governo do Estado abrindo espaço para o candidato do PSB. Fez isso para garantir o apoio dos socialistas ainda no 1º turno nestas eleições.
Ainda no PSDB, mas já de mala arrumada para o PSB, o vice-governador Carlos Brandão ainda não fez o desembarque para o ninho socialista certamente de olho no cenário nacional. A simples filiação ao PSB, mesmo partido de Flávio Dino, não significa a garantia do apoio de Lula ou mesmo a sua neutralidade na disputa estadual. E é nesse contexto político que entra o fator Alckmin no Maranhão.
Não é certa ainda a filiação de Geraldo Alkmin ao PSB, uma vez que a sigla insiste na candidatura de Márcio França ao governo de SP, Estado onde o PT não abre mão da candidatura de Fernando Haddad.
Talvez pela indefinição sobre qual partido o ex-governador paulista irá se filiar e ser candidato a vice-presidente de Lula (o que já dado como certo), o vice-governador maranhense também não tenha decidido ainda por onde será candidato a governador. Brandão precisa se garantir ao lado de Alckmin, vá para onde ele vá.
Uma composição nacional, que envolva o Maranhão, é a única garantia de que Lula não apareça por aqui pedindo votos ou fazendo vídeos ao estilo 2006, onde não pedia voto para Cafeteira, mas demonstrava claramente sua preferência para o senado mesmo tendo um petista disputando o cargo. Se fez isso com um companheiro petista, quem dirá com um simples membro do partido do seu vice...
A operação para barrar Lula no palanque de Weverton Rocha é hoje a maior disputa que Flávio Dino terá que enfrentar nestas eleições.
O fator Alckmin/Lula tem potencial para ditar os rumos da política do Maranhão.
Por enquanto Weverton Rocha está na dianteira na costura desse apoio, já tendo recebido forte sinalização de Lula nesse sentido.
Corre, Flávio Dino.
Corre,
Brandão...
Às vezes a autofagia funciona bem; quero ver até que ponto prevalece a irracionalidade desses políticos!...