No município de Caxias, todos os quilombolas registrados já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, segundo a Secretaria Municipal de Saúde
A
vacinação contra a Covid-19 chegou para os povos tradicionais quilombolas da
microrregião de Caxias, localizada no Leste do Maranhão. A região é formada,
ainda, pelos municípios de Timon, Parnarama, Matões, Buriti Bravo e São João do
Sóter, que juntos habitam mais de 11 mil pessoas autodeclaradas descendentes e
remanescentes de escravizados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE).
No
município de Caxias, por exemplo, todos os quilombolas registrados, cerca de
700, já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, segundo a
Secretaria Municipal de Saúde. Entretanto, os dados do município
apresentam discrepância em relação aos dados oficiais do IBGE, que apontam que
a região possui cerca de 5 mil habitantes quilombolas.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde,
Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários.
“As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de
vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios
habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade
de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa
população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações
e óbito.”
Claudiane
Silva, coordenadora da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do
Estado do Maranhão (ACONERUQ), reforça que a vacina é o meio mais eficaz para
prevenir a propagação da doença. Mesmo com a divulgação das recomendações sobre
a imunização, ela lamenta o fato de que nem todos os membros quilombolas
aceitaram a vacina em um primeiro momento.
“Algumas pessoas de dentro da comunidade não quiseram se vacinar, por medo. É
uma falta de informação mais apurada. É importante vacinar para prevenir, para
não ter que chorar a morte de alguém”, destaca Claudiane.
A coordenadora de Imunização do município de Caxias, Elisângela Fabiana Silva
Ferreira, explica que os quilombolas da região estão distribuídos em seis
comunidades, registradas pela Fundação Palmares. Ela afirma que as vacinas para
combater a Covid-19 foram aplicadas in loco, com o intuito de preservar esse
público do deslocamento para a zona urbana.
“Eles fizeram questão de ser vacinados. Foi preparado um calendário com data específica para o atendimento de cada uma dessas comunidades, para que dessa forma todos fossem imunizados. A vacinação dessa população é de fundamental importância, já que eles vivem em áreas distantes, com difícil acesso”, pontua
Situação de outros municípios da microrregião
Timon – 1ª Dose Não informado | 2ª Dose: Não informado | População Quilombola: 214
Parnarama – 1ª Dose: 802 | 2ª DOSE: 0 | População Quilombola: 1338
Matões – 1ª Dose: 1.346 | 2ª Dose: 9 | População Quilombola: 2.842
São João do Soter – 1ª Dose: 611 | 2ª Dose 8 | População Quilombola: 2.116
Buriti Bravo – Não informado
Fonte: Ministério da Saúde/IBGE
Prioridade quilombolas
O Maranhão é o terceiro maior estado do País em população quilombola, com mais de 170 mil habitantes, ficando atrás apenas da Bahia e de Minas Gerais. No Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, divulgado no dia 16 de dezembro de 2020, grupos socialmente vulneráveis foram incluídos como prioridade no calendário de imunização.
Entre eles está a população quilombola que habita em comunidades tradicionais e que, segundo o último levantamento realizado pelo IBGE, representa mais de 1,3 milhão de brasileiros. Essa prioridade se faz necessária diante da falta de acesso desse público à saúde, já que grande parte vive em zonas rurais, afastadas do ambiente urbano.
Para facilitar o enfrentamento da Covid-19 entre quilombolas e indígenas, o IBGE antecipou a divulgação da base de informações geográficas e estatísticas sobre essa população.
Cenário no Maranhão
De
acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde do
Maranhão, até o dia 22 de junho, foram confirmados 308.520 casos de Covid-19.
Desse total, 8.779 pessoas morreram e 269.174 se recuperaram da doença.
Dados do Ministério da Saúde mostram que 3.741.170 de doses de vacinas foram
distribuídas no estado: 2.576.382 já foram aplicadas, sendo 2.049.545 para a
primeira dose e 565.693 para a dose de reforço. Ainda de acordo com a Pasta,
para o enfrentamento da doença, foram destinados ao estado mais de R$ 5 bilhões.
Mesmo que você já tenha sido vacinado, a recomendação é respeitar as medidas sanitárias para reduzir o risco de transmissão da doença. A vacina é segura e trata-se de uma das principais formas de proteção do coronavírus. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse.
Serviço
Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal gov.br/saude ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.
Proteja-se
Se
você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure
atendimento médico. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por
ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que
de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança:
use máscara de pano, lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool
70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações.
(Fonte: Brasil 61)
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