Minha Figura

O DIREITO DE NASCER

11.5.18
Por Edson Vidigal

Já na lua de mel, Dorothy se deu conta do tremendo erro. Leslie não era nada do homem charmoso que a encantara. Do original mesmo, só os olhos azuis. Era beber e partia para cima dela.

Decidida a ir embora, descobriu-se grávida. Nasceu um menino – Leslie Lynch King Jr. Dois meses depois, o pai armado com uma faca de açougueiro tentou matar Dorothy, a criança e a babá.

Omaha, a pequena cidade do Nebraska, United States, onde isso se deu, foi página virada. Dorothy, foi morar com o filho em Grand Rapids, cidadezinha de Michigan, casa de Adele e Levi Gardner, seus pais.

O garoto cresceu achando que o novo marido de Dorothy era o seu pai. Na verdade, em tudo diferente do biológico. Pequeno comerciante de tintas, respeitado como honesto e trabalhador.

Adotando o nome do padrasto – Gerald, destacou-se como atleta no time da escola, podia declamar longos poemas que a mãe lhe impunha decorar como forma de castigo atitudes violentas que faziam lembrar Leslie, o beberrão.

GERALD FORD AOS 6 ANOS COM O MEIO-IRMÃO TOM.
Gerald Ford foi Deputado Federal por Michigan durante 25 anos. Spiro Agnew, Vice na chapa de Nixon, renunciou sob acusações de corrupção. Ford foi escolhido pelo Congresso para substitui-lo. Engolfado pelo furacão de Watergate, Nixon renunciou.

O Presidente Gerald Ford estava em seu gabinete no Salão Oval quando Henry Kissinger, Secretário de Estado, adentrou entregando-lhe um documento – “Memorando de Estudo de Segurança Nacional – Implicações de Crescimento Populacional Mundial para a Segurança e os Interesses Ultramarinos dos Estados Unidos”. No total198 páginas.

A ideia básica, estancar o crescimento populacional dos países pobres nos quais nos quais os Estados Unidos tinham, e ainda tem, interesses económicos, estratégicos e tal. O Brasil estava na lista junto com Bangladesh, Paquistão, Nigéria, Egito, Turquia, Nigéria e quejandos.

Na pág. 17, o Secretário Kissinger recomendava – “Deve-se dar prioridade ao programa geral de assistência às políticas seletivas de desenvolvimento nos setores que ofereçam mais pessoas a querer famílias menores”.

Não são poucos ainda hoje os países que adotam políticas para controle da natalidade. Não é só a lógica do quantos menos somos, melhor passamos.

A Constituição brasileira de 1988 é a primeira na história a abordar a questão do planejamento familiar, Art. 226, § 7º.

Uma nova questão agora preocupa a ciência. Até há pouco tínhamos o mal costume de culpar a mulher por nunca engravidar. Hoje os estudos se ocupam com a qualidade do sêmen do homem.

Já é tranquilo que essa infertilidade masculina, hoje afetando mais de 48 milhões, tem como causa até aqui os abusos no álcool, o uso do cigarro e substancias químicas de pesticidas, solventes e recipientes de plástico.

Inflexível em suas políticas de controle da natalidade, a China, não obstante, mantém bancos de espermas. Mas o doador não pode ser qualquer um. Maiores de 45 anos, calvos, obesos ou daltônicos não são aceitos.

Abro aspas. “Os candidatos devem apoiar a liderança do Partido Comunista”. Os aprovados nesse vestibular da inseminação artificial são recompensados com 800 (oitocentos dólares). Por enquanto já são 23 (vinte e três) bancos de esperma.

Despiciendo lembrar que a China possui 1 (um) bilhão e 380 (trezentos e oitenta) milhões de habitantes ocupando um território de 9 (nove) bilhões e 600 (seiscentos) milhões de kms² (quilômetros quadrados).

Deplorável constatar que as políticas de controle da natalidade tenham obtido mais redução mediante abortos e a distribuição de contraceptivos agressivos.

Tivesse Dorothy abortado como lhe foi sugerido, a América não teria conhecido um Presidente chamado Gerald Ford, o qual, até onde se sabe, cuidando de curar as feridas do escândalo de Watergate, foi suplantado nas urnas por Jimmy Carter para quem a prioridade eram os direitos humanos, arma sutil contra as ditaduras no continente. A começar pela do Brasil.

Edson Vidigal, advogado, foi Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal.

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