Prezado Sabá,
Boa Tarde!
Ontem, domingo 01/11/2015, tive acesso a uma
publicação no Blog do Sabá, intitulada “Incompetência, falta de compromisso e
péssima localização fazem do Parque Empresarial de Caxias um sonho
desperdiçado”, na qual existe uma referência a minha pessoa.
Diante disto, durante minutos tentei voltar a
2006, época em que “coordenei” o primeiro Plano Diretor de Caxias/MA. Com isso,
antes de me reportar, procurei resgatar todos os elementos que criaram uma
equipe multidisciplinar, formada por técnicos caxienses e por representantes
sociais, que foram os atores no dialogo para desenvolvimento do Plano Diretor,
e consequentemente, pela escolha do local destinado ao Distrito Industrial do
Município.
Devido a pratica de uma gestão participativa,
não caberia a mim, tomar qualquer decisão dentro de um Plano Diretor, sem que
houvesse comunicação e consenso geral dos demais responsáveis e munícipes
participantes das audiências públicas.
Recordo-me que foram estudadas 04(quatro)
áreas para a localização do Distrito Industrial – DI. Com os seguintes
condicionantes de avaliação e melhor adequação: sustentabilidade;
acessibilidade rodoferroviária local, regional e nacional; desenvolvimento da
cidade; características dos ventos e poluição na área urbana.
A primeira alternativa lançada, a mais óbvia,
seria o crescimento da área onde hoje se situa a Indústria da Schin. Esta
alternativa esbarrou no posicionamento da área dentro da Reserva Ambiental do
Inhamum. Não sei se ainda está neste contexto, mas a própria Schin não
conseguia utilizar as “águas especiais” dos lençóis subterrâneos de Caxias,
para fabricar sua cerveja. As águas tinham acabado. Era necessário, mas que
antes, preservar a vegetação. Água é o bem mais precioso da humanidade, e só
existirá junto com vegetação densa.
A segunda alternativa seria criá-lo do outro
lado da Schin, em suas proximidades. A rede hídrica, a vegetação e a topografia
mostravam que não era ambientalmente viável e em termos financeiros – movimento
de terra para aplainar a área, requeria um grande aporte financeiro.
Ao norte da cidade situam-se dois importantes
cursos d’água que deveriam ser aproveitados para fortalecer a vocação turística
da cidade: os rios Lamego e Ouro. Não foi estudada alternativa neste local.
A terceira alternativa discutida indicou uma
área na região leste da cidade, e seu acesso dar-se-ia através de uma nova via,
surgida com o Plano Diretor e que continuou nele. Este via partia da Av.
Central, dando continuidade à Av. Alvorada. Mas, a topografia é bastante
acidentada nesta área, neutralizando esta opção para instalação do DI.
A quarta alternativa ficava na parte mais
sudeste do centro de Caxias, na área da antiga Ramires, precisamente a 9,2 km
do entroncamento da Av. Central com A BR-316. A topografia era razoavelmente
plana, a distância do centroide da área (centro de gravidade populacional)
possível de ser percorrida por bicicleta (12 km aproximadamente), a área já se
encontrava desmatada, e a ferrovia passava a 4,5 km da rodovia BR-316.
Um Distrito Industrial não deve ficar muito
próximo das áreas habitacionais. Para que um Distrito Industrial se estabeleça
existem alguns elementos que são fundamentais: o local onde se posiciona tem
determinada matéria prima que atrai uma cadeia de indústria, ou material humano
qualificado, ou se situa perto dos centros de demanda (redução de custos de
transporte), entre outros.
Neste contexto, acredito que o posicionamento
proposto pelo Plano Diretor participativo de 2006 foi feito com base técnica e
aprovado em audiências públicas, inclusive na área rural.
Finalizando, acredito que a localização não é
a causa da falta de interesse de empreendedores. Talvez o momento de sua
inauguração, coincidente com uma forte retração econômica brasileira,
justifique melhor.
Atenciosamente,
Maria de Fátima Guimarães Corrêa de Araújo
Coordenadora do Plano Diretor aprovado em
06/10/2006
Curioso e ver como as pessoas não reagem positivamente a um texto bem escrito, esclarecedor e impecável, em termos técnicos.