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Comissão de delegados dá início a investigação de agiotas no MA

21.2.15
Trabalho da polícia, segundo o delegado-geral Augusto Barros, terá apoio da Polícia Federal, Ministério Público e da OAB; material em análise foi apreendido durante a operação Detonando, que investigou a morte de Décio Sá.

Delegado-geral Augusto Barros diz que, se necessário, pedirá 
prisão dos envolvidos nos crimes de agiotagem
A comissão de delegados da Polícia Civil, sob o comando do delegado-geral Augusto Barros, começou ontem a traçar metas de trabalho para investigar a rede de agiotagem que envolve cerca de 41 prefeituras do Maranhão, entre elas a de São Luís. Estão sendo investigados ex-gestores municipais, empresários, policiais e até acusados pela morte do jornalista e blogueiro Aldenísio Décio Leite de Sá, o Décio Sá, ocorrida no dia 23 de abril de 2012. A polícia confirmou que, durante essa etapa de processo investigativo, pode ser solicitada à Justiça prisões dos envolvidos, apreensões de bens e bloqueios de contas bancárias.

Serão realizadas também incursões e operações em todo o estado. Segundo a polícia, a ação de agiotas causou um prejuízo aos cofres públicos de dezenas de milhões de reais.

Esse inquérito policial estava engavetado desde meados de 2013 e foi retomado esta semana por determinação do secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela. O delegado Augusto Barros explicou que esse trabalho vai contar com o apoio do Ministério Público Estadual, Polícia Federal e até mesmo da Ordem dos Advogados do Brasil da seccional do Maranhão (OAB/MA). Já a comissão é composta por três delegados, nomes não revelados, que no momento estão dividindo o material, ou seja, os dossiês por prefeitura para poder facilitar as investigações.

Ligação - O material é composto de talões de cheques, notas fiscais, documentos de empresas fantasmas, comprovantes de notas de desvios de recursos federais praticados em vários municípios, que teriam ligação com esquema de agiotagem no estado, envolvendo prefeitos, vice-prefeitos da época e vários políticos maranhenses. Toda a documentação foi apreendida pela Polícia Civil no decorrer do cumprimento de mandados de busca e apreensão na Operação Detonando, que na época investigava a morte do jornalista Décio Sá.

Augusto Barros frisou ainda que cada documento será analisado de forma minuciosa pelos delegados para observar as lacunas a serem preenchidas e a polícia possa trabalhar com provas condizentes e concretas. A comissão, segundo o delegado, já estaria com os trabalhos investigativos bastante avançados em pelo menos oito prefeituras, mas existem localidades que faltam colher materiais mais concretos.

Foram constatadas irregularidades como recursos públicos para movimentar contas privadas, contratação de empresas fantasmas, participação de laranjas na contratação de funcionários para lesar o erário, entre outras. "Estamos partindo das prefeituras em que a investigação está bem avançada para aquelas que precisam de um trabalho mais apurado. Caso haja registro de ameaça ou tentativa de fuga, imediatamente será solicitado o pedido de prisão, temporária ou preventiva, dos investigados. Vale ressaltar que esses gestores municipais são da época da morte do jornalista Décio Sá", explicou Augusto Barros.

Esquema fraudulento - Para ele, o esquema de fraude, descoberto após a morte do jornalista Décio Sá, ainda continua no estado. Durante a investigação, ficou comprovado que os principais cabeças foram identificados como os empresários Gláucio Alencar Pontes e o seu pai José Alencar Miranda, que foram presos no dia 13 de junho de 2012.

Em poder dos criminosos, a polícia apreendeu vários documentos, cheques e notas de empenho com nomes de prefeituras. Na época da prisão, eles eram empresários do ramo de merenda escolar e conveniados a várias prefeituras do interior do estado. O agiota, segundo a polícia, responsável pelas negociatas com as prefeituras era Gláucio Alencar, que emprestava um valor bem alto para financiar as campanhas eleitorais. Além do dinheiro a receber, ele ficava como fornecedor de merenda escolar, material escolar, na maioria das vezes de péssima qualidade, e de material hospitalar às prefeituras por um período superior a 2 anos.

Também foi descoberta a prática de pistolagem, segundo Augusto Barros, quando os prefeitos atrasavam o pagamento ou rejeitavam pagar o valor exorbitante aos criminosos. Esses são geralmente policiais, ex-policiais, e até mesmo foragidos da Justiça, inclusive de outros estados. A cobrança era feita dentro da Prefeitura ou na residência dos gestores. "A prática de agiotagem permanece no estado, mas estamos combatendo esse vício, que acaba deixando o gestor público nas mãos de uma classe de alto poder econômico", afirmou o delegado geral da Polícia Civil.

Fique sabendo - Durante o trabalho investigativo feito pela comissão de delegados da Polícia Civil, Guilherme Sousa Filho, Roberto Wagner Leite e Wang Chao Jeen, houve um depoimento que comprometia a deputada estadual Gardênia Gonçalves (PSDB), filha do ex-prefeito da capital João Castelo. O depoimento foi feito por Patrícia Gracielli Martins, viúva do também agiota Fábio Brasil, assassinado em Teresina, no Piauí, pelo mesmo pistoleiro de aluguel que eliminou o jornalista Décio Sá. Patrícia disse que Gardênia tinha negócios com Gláucio. Também houve indícios do delegado da Polícia Federal, Pedro Meireles, de ter uma possível ligação com os empresários Gláucio e José Alencar. Nessa época, o delegado ficou conhecido no estado pela sua forte atuação no combate ao crime organizado em diversas prefeituras maranhenses envolvidas com o desvio de verbas públicas, durante as operações Rapina I e II, realizadas em 2008. (O Estado)

1 comentários:

  1. Anônimo disse...:

    O nome de humberto coutinho ja apareceia nesse esquema, será que os delegados vão confirmar o nome dele nesse esquema?

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