O cara que só quer saber de si e do que é seu,
labutando para ter mais e sempre mais, assim como quem enriquece sem ligar
muito para o sentido da vida, até porque seu negócio é vender caixão, pode ser
classificado como idiota?
Quem,um dia, não será defunto? Nesse quesito me vem
sempre à mente aquele verso do poema de Pessoa – “ele morrerá, eu morrerei.
/ Ele deixará tabuletas, eu deixarei versos”.
O cara que lucra sem fazer força porque o seu
negócio é vender caixão de defunto pode até não ser um idiota no sentido
etimológico da palavra.
Se ele se interessa e compartilha com os outros as
preocupações decorrentes da boa ou da má ou da antiga ou da nova política, pode
até não ser um idiota.
Isto porque imagino que possivelmente não tenhas
ainda essa informação – a palavra idiota é outra invenção dos antigos gregos.
Naquele tempo, dizia-se “idiótis”. Nada a ver com o Mussum, aquele
moreno dos “Trapalhões”, que depois de morto há anos volta agora ao
sucesso entre a “rapaziadis”.
Os gregos de antigamente taxavam de idiotas os que
não queriam saber de politica, os que não se incomodavam com as coisas do
governo. Não há registros de que a politica na Grécia antiga fosse meio de vida
dos que não conseguiam sobreviver se ocupando com algum trabalho digno.
Ao nascer, Drummond ouviu de um anjo torto – vai
Carlos, ser gauche na vida. Não sei se ele foi, mas o certo é que
todos nós até hoje nos damos bem com o legado poético dele.
Na contracapa do seu ultimo livro – “Não é a Mamãe”,
um neto de Sobral Pinto, o Guilherme Fiúza, escreve sobre uma pessoa, aliás, a
persona que lhe inspirou e ainda muito lhe inspira. A qual “foi ser
militante na vida – o que, diz ele, é ótima receita para os que não
se dão muito bem com o trabalho”.
A personagem do livro do Guilherme não teria sido
uma idiota, eis que o anjo que a assistiu no nascedouro, diferente do anjo do
poeta, ao que se depreende, não era um anjo torto. A impecávelirrelevância da
moça até lhe rendeu bons prêmios.
Alguém falou, acho que foi o Benjamim, mas qual
deles? O Benjamim Franklin, grande politico e também inventor do
para-raios?
O Walter Benjamim, o filosofo judeu que ao fugir da
perseguição nazista e não sabendo o que fazer com os seus livros caiu em
depressão e morreu?
O Herman Benjamim, um brilhante jurista que eu o
imaginava de ascendência alemã até saber que ele é de Catolé do Rocha, na
Paraíba?
(Outras importantes figuras, nascidas na Paraíba,
já saíram da pia batismal com nomes internacionais - Chateaubriand que o doutor
Tancredo, a pedido de Getúlio, trouxe para ser Senador pelo Maranhão e também o
Drault Ernanne.
Em sua autobiografia, o Drault conta que, nascido
numa família pobre, muito pobre, seu pai deu a cada um dos onze filhos os nomes
mais estrangeirados porque, assim, achava ele, se dariam bem na vida.
O Drault, formado em medicina, foi ser empresário e
quando já estava muito rico foi ser politico.
Essa moça que o Silvio Santos contratou para ser
âncora do telejornal do SBT, Rachel Sheherazade, é da Paraíba, sabia? É uma
alusão às “Mil e uma Noites”, a coletânea de contos que sua avó adorava).
Afinal, qual o Benjamin que falou – “o maior
castigo aos que não querem nem ouvir falar em política é que eles são governados
por eles” ? Poderia ter sido o Herman. Mas tenho certeza que nessa
também ele é inocente.
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