Nesse nosso
intermitente devagar quase parando, e agora parando mesmo, até que se saiba
quem venceu a Copa e quem perdeu as eleições, eis que o Povo Brasileiro, por
seus ínclitos representantes e bastante Procuradores, ocupa o ultimo dia
reservado para ser útil no período e sobrestando tudo o que, embora bem
devagarinho, seguia andando, produz a fagulha e incendeia o debate em torno do
projeto de lei instituindo o Dia Nacional do Ovo.
Mas que ovo,
excelências, iremos festejar? Provocou um nobre Deputado lá no fundo onde
se aninham em cochichos os plantonistas do famoso Baixo Clero. A pergunta ecoou
como um grito de imensurável dúvida parada no ar. Num ambiente como o do
Parlamento há que se preservar o respeito. Ninguém quis avançar querendo
decifrar a origem do ovo a ser comemorado.
Ainda hoje segue
sem elucidação a antiga dúvida – afinal, o que veio primeiro? O ovo ou a
galinha? Ovíparos não são apenas os galináceos. Também os repteis e daí o
temido ovo da serpente. Repteis como as serpentes, ainda bem, põem menos ovos
do que, por exemplo, os peixes e os anfíbios.
Os peixes como os
galos não põem ovos. Suas fêmeas, por obvio, sim. O da galinha chama-se ovo. O
da mulher do peixe chama-se ova. Daí dizer-se que isso ou aquilo é uma ova. Que
eu também, por mais que a Catarina ache que eu sei tudo, não sei.
A principal
justificativa para a lei incluindo no calendário o Dia Nacional do Ovo é que
precisamos comer mais ovo.
No Japão o consumo
de ovo é de um por dia por cada pessoa. Seguindo esse exemplo da terra do sol
nascente, onde a expectativa de vida com boa saúde beira os 100 (cem) anos,
gastaremos menos com remédios e tratamentos, economizando para investimentos na
educação.
Em Gotham City
ainda vive um cientista politico, aliás, cientista e politico, chamado Dr. Ivo
Robotinik cuja cabeça lembra um ovo, o que lhe valeu o apelido de Dr. Eggman. E
é assim que ele prefere ser chamado.
O Batman sabendo
que o fim do reinado do Dr. Eggman está próximo parece nem mais se incomodar
com ele. Mas o doutor não admite que algum dia irá morrer. Obcecado pela
imortalidade tem inventado tipos à sua imagem e semelhança.
Com sucatas velhas
achadas num lixão da NASA e chips contrabandeados da NSA criou um robô, calma,
uma roboa (como é mesmo o feminino de robô? Lx&vs%$m? Não. Isso não.) Não
deu certo. Partiu pra outra.
Inspirado em
animais lendários de série de TV em temporada final, o doutor cabeça de ovo
inventou o Egg Hawk. Quando já estava virando sucata resolveu reciclá-lo. O
resultado não homenageia a evolução das espécies.
Evolução das
espécies, uma ova!
Falando agora em
ova, o Gago famoso pela peixada que a Dona Engrácia, sua mulher, e só ela sabia
fazer no Bar que os dois mantinham na Praia do Olho Dágua, gostava de servir
ova de pescada amarela frita no azeite de babaçu como antepasto. E não se
cansava de falar inclusive para senhoras, inclusive as pudicas, aparentemente
pudicas, sobre as propriedades afrodisíacas das ovas.
No mar Cáspio há
um peixe chamado esturjão, que chega a pesar até mais de uma tonelada. As ovas
da fêmea são 10% (dez por cento) proporcionais ao peso. É de lá o mais
requintado e mais caro condimento dos antepastos dos ricos, o popular caviar.
Mas que ova que
nada. Os nossos ínclitos e nobres e atentos e solidários Deputados estão
querendo que a população coma é ovo.
E então, vamos
festejar o Dia Nacional do Ovo? E porque não incluirmos também no calendário o
Dia Nacional do Galo e o Dia Nacional da Galinha? Afinal sem esses dois não há
ovo. Palmas para os nobres Deputados! Instigaria o Chacrinha. Palmas.
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