Minha Figura

Reconsideração (Por Chico Leitoa)

15.4.14
Artigo escrito pelo Engenheiro Civil Chico Leitoa

De forma consensual, eu, Luciano, Davi e a própria Beta, resolvemos comprar uma cadeira de rodas para ela, no sentido de melhorar sua movimentação dentro e fora de casa. Para isso, consultamos um médico amigo, especializado em ortopedia, Dr. Durval, para nos orientar a escolhermos a melhor opção.

O casal "Beta e Chico Leitoa" em momento de descontração
No decorrer da conversa, ele indagou sobre o caminho que já percorremos até aqui na busca de cura e sobre o diagnostico, se é que existia, e sobre a evolução da enfermidade.

Explicamos tudo o que tínhamos de informação: trata-se de doença neurológica chamada ataxia cerebelar e que a complicação do quadro é nítida, principalmente nos movimentos e na voz. Ele, com habilidade, nos advertiu que deveríamos retornar a São Paulo, desta vez em hospital especializado e profissional de renome, especialista em ataxias. Se aceito, ficaríamos aguardando a data, tendo em vista a dificuldade de se conseguir.

Uma Semana depois veio a confirmação para as 15 horas do dia 13 de fevereiro na capital paulista. Nessa mesma data eu tinha uma audiência no Fórum. Às três horas da manhã do dia 13 partimos de Teresina, e às seis chegamos em Guarulhos. Meia hora antes do horário marcado, chegamos à Clinica onde fomos atendidos pelo Neurologista do Hospital Albert Einstein, Dr. José Luiz Pedroso, especialista em ataxias. Qual foi nossa surpresa: o Jovem Médico foi nos buscar na sala de espera, e de muito bom humor conduziu todo diálogo para se inteirar da situação, sendo municiado por mim, a própria Beta, mesmo com dificuldade de ser entendida, Deusa e o Dr. Durval, que de forma depreendida nos acompanhou mesmo tendo uma enorme agenda em Teresina. Logo em seguida a consulta propriamente dita, tendo durado um tempo total de uma hora e trinta minutos. Doutor Pedroso deu uma aula de conhecimento, no alto dos seus 34 anos de idade, é um dos raros especialistas em ataxia no Pais.,com domínio completo do assunto, e consciente dos limites da ciência no que diz respeito à complexidade e das variedades das doenças do gênero e claro, da cura... Requisitou dois exames que nos obrigou a adiar de sexta para sábado nosso retorno a Teresina. Na sexta feira, dia 14, por volta das 14 horas já estávamos noutra Clinica e conversamos por um bom tempo com a Neurologista Clinica, Dra Lyamara Azevedo, em seguida, por mais de duas horas dona Beta foi submetida a um examedenominado eletroneuromiografia dos quatro membros e da língua. Tudo em sintonia com Dr. Pedroso. Acompanhávamos tudo com o máximo de curiosidade e entusiasmo movidos agora também pela segurança com que a Médica, a exemplo do Médico, tratou o assunto.

Tudo sem fantasiar nada ou criar falsa expectativa, mas sem desenganar por completo. Às vinte horas chegamos ao Hospital do Coração e de 21:30 às 23:30 dona Beta foi submetida a uma ressonância magnética com seqüência MTC, com características diferenciadas e que supostamente remete, ou colabora com a identificação da doença.

Já no sábado, dia 15 às nove da manhã, recebemos o resultado do primeiro exame e às 15:45h retornamos a Teresina. Terça feira, dia 18 seria disponibilizado o resultado da ressonância magnética e na quinta, dia 20 retornaríamos ao Dr. Pedroso, que nos impressionou pela forma segura com que aborda o assunto, sem fantasiar nada e conseguindo colocar um fio de esperança em nossos corações, pois com sua explanação, empreendemos uma viagem no mundo da ciência, nos fazendo crer que pelo menos podemos tentar estancar a doença, que ultimamente tem avançado com mais velocidade.

O mais relevante, ele colocou duvida no diagnostico ( ataxia cerebelar ), com o qual convivíamos há mais de quatro anos, mas as garantias só viriam com a analise dos resultados dos exames. Saímos de Teresina na madrugada chuvosa do dia 20 de fevereiro, às 2:30h em um vôo da TAM, as dificuldades de locomoção de dona Beta foram agravadas pela falta de acessibilidade do aeroporto. mesmo assim, as 5:30h chegamos em Guarulhos. Já com o resultado dos dois exames, chegamos na hora marcada na Clinica do Dr. Pedroso. Depois da análise minuciosa, Ele fez várias observações necessárias para que se compreendesse a situação. Trata-se de doença no neurôneo motor superior, denominada esclerose lateral amiotrófica, doença de origem desconhecida, de literatura preocupante, pesquisada há mais de cem anos, sem as devidas respostas, mas sabe-se que ultimamente ocorrem alguns avanços, dentro e de forma mais avançada fora do Pais, principalmente com células tronco. O tempo de solução ninguém pode precisar, mas com certeza virá.

O Médico receitou dois medicamentos, um deles, RILUSOL, medicamento de alto custo, não disponível para comercialização, e um conjunto de procedimentos que cumpriremos rigorosamente e que juntamente com a mão de Deus haverão de ajudar dona Beta a ter uma melhor qualidade de vida. ...Quem sabe, Deus, através dos seus instrumentos, nos mostrou um caminho, e estamos fazendo a nossa parte. Como ELE mesmo disse: Faz por ti que te ajudarei... ...A propósito, a algum tempo atrás eu assistia a um telejornal que noticiava um grave acidente com o filho do cantor Leonardo. O jornal deixou claro que dificilmente ele escaparia. Ai eu comentei com dona Beta, que ele tinha chance, primeiro se assim Deus resolvesse, depois em função da corrente que se formaria em seu favor, em todo o Pais. Não deu outra, em pouco tempo Pedro se recuperou praticamente sem nenhuma sequela. ...Façamos uma corrente!


PARABÉNS Dona Beta (Por Chico Leitoa)

Nesta data, Beta faz aniversario, há cinco anos enfrentando uma doença neurológica degenerativa, sua vida mudou quase que por completo, no aspecto da sua participação nos movimentos que passaram a ser rotina de nossa família antes, e principalmente depois do nosso envolvimento no processo político.

Convivemos os primeiros momentos dos sintomas da doença sem querer acreditar que se tratava de doença de tal natureza. Como já tornei publico em artigo, há algum tempo convivíamos com o diagnostico de ataxia cerebelar.

Eis que em mais uma das inúmeras tentativas em busca de tratamento, desta vez em São Paulo, uma nova versão da doença(veja aqui). Hoje, a vida de Beta é uma maratona. Hidroterapia e neurofisioterapia, além de fonoaudiologia quase a semana toda. Mas Beta não se entrega e nem se lamenta pelos cantos.

Dentro dos limites impostos pela doença, ela se supera e continua sendo o epicentro da família. Sempre coberta de carinho pelos filhos, netos, cunhadas, mãe, alguns sobrinhos e muitos amigos fies, tem da minha parte, a dedicação no limite das minhas possibilidades e muito aquém do que ela merece.

Parabéns dona Beta, que Deus lhe permita viver muitos anos e devolva sua saúde, mesmo que não seja na sua plenitude, mas que você possa ter uma melhor qualidade de vida.

Do marido que te ama, Chico Leitoa.

1 comentários:

  1. Anônimo disse...:

    emocionante

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